(Alerta de Spoiler)
Muito se fala sobre o consagrado livro “O Pequeno Príncipe”.
Pessoas, postam, com frequência, frases poéticas do livro em suas redes
sociais. Mas o que eu não compreendo é por que não se vê quase nada na mídia
sobre a complexidade desse livro e como ele trata de forma tão bela e romântica
a depressão e o suicídio.
Sim, o Pequeno Príncipe se suicida. Percebo que muitas
pessoas parecem nunca ter lido o livro todo e enfeitam até mesmo o quarto de
seus lindos bebês com ilustrações e frases do Pequeno Príncipe. Afinal tudo
parece tão poético e infantil.
É claro que o livro pode ser lido para crianças de uma forma
lúdica, mas elas não compreenderão todas as sutilezas descritas no livro bem
como de personagens como a “raposa”, a “serpente” e o “aviador”, com o final
“retorno” do Pequeno Príncipe ao seu Planeta.
Antoine de Saint-Exupéry, autor do livro, era um aviador
experiente que morreu numa missão da força aérea francesa, em 1944, pouco
tempo depois de o livro ser publicado em 1943. Até hoje sua morte permanece um
mistério. Teria ele sido abatido por inimigos ou se suicidado?
O suicídio,
consciente ou não, é possível mas nunca saberemos, já que até mesmo seu corpo
nunca foi encontrado. Simplesmente desapareceu como o Pequeno Príncipe,
alter-ego do autor. Em 2004 foram localizados destroços da aeronave, mas não
restos humanos. Um romântico mistério que acabou por deixar o livro ainda mais
cativante, embora trágico.
Enfim, o romantismo é a Era do autossacrifício e do
suicídio, como o do Pequeno Príncipe por “sua rosa”. Não há julgamentos. A
depressão e o suicídio podem ser retratados de forma poética, por que não? Mas
o conhecimento é necessário para que esses temas não passem desapercebidos pela
sociedade. Principalmente, por psicólogos e pedagogos, além da devida e
cuidadosa mediação do livro, classificado como infantil, para as crianças.
Afinal, é com o veneno da “serpente“ que o Pequeno Príncipe
retorna ao seu Planeta para cuidar da sua flor, com a garantia, para o Piloto,
de que sempre que ele olhasse para as estrelas escutaria sua doce risada...