quinta-feira, 28 de março de 2019

O Mar

Estou me afogando. A imensidão do mar me traz a percepção da minha pequenez diante daquilo que parece infinito. Não há ninguém para segurar a minha mão. Então nado contra a força das ondas que me cobrem sem piedade. A vida pode ser impiedosa às vezes.


Nado em direção à praia na certeza de que meus pés alcançarão a terra firme. Com dificuldade, venço a força das ondas. E chego. Minhas mãos tocam a areia e vem a sensação de que o pior já passou. O meu corpo começa a expelir a água que me sufocava. Vem o alívio.

Sento-me na areia e observo mais uma vez a imensidão do mar. E como ele é convidativo. Sedutor, como o canto de uma sereia mortal.

Estou em terra firme. Já estou segura. Mas a água ainda me chama. E o desejo de voltar a me encontrar e me aventurar novamente nas ondas que não possuem cordas nas quais possamos nos segurar. Somos engolidos pelo mar. Pela sua infinitude. E pelo desejo tentador de descobrir o que há além do horizonte.

E, assim, cedo à tentação. Caminho em direção ao perigo de mais uma vez me afogar. Na tentativa de viver e não simplesmente sobreviver na mesmice de quem já perdeu a coragem e a curiosidade das crianças.