A festa acaba e a dor invade a minha alma. E agora a fumaça de um cigarro também. No final das contas, tudo o que fiz foi sobreviver a mais um dia.
A escura madrugada reflete toda dor que há em mim. Na tentativa de contê-la e controlá-la para a manhã que breve chegará para mais um dia de sobrevivência. Como suportar a dor dos sonhos e promessas quebradas? Das juras de amor transformadas em uma tentativa de um golpe mortal? Ele não conseguiu me matar fisicamente, mas matou uma parte dentro de mim. Eu não vi quão profunda era a escuridão dentro dele. Estava cega de amor. Porque eu sou toda amor. Ou era. Talvez ele tenha tirado isso de mim também.
O meu reflexo no espelho me diz que estou bem. Que vou ficar bem. Então tento acreditar no mágico espelho que só capta o meu exterior. Mesmo sabendo que uma parte de mim está em trevas, sobrevivo.
Sobrevivência é um conceito instintivo dos seres humanos e dos animais. Seria eu um animal? Quero ser uma mitológica fênix que ressurge das cinzas a cada morte. Seria isso possível? Nossa alma pode ressurgir? Não sei. Mas sobrevivo.
Está tarde. O amanhã chegará com um novo pedido de
sobrevivência. E eu estarei lá, na hora marcada. Esperando sobreviver a mais um
dia até que eu não precise mais me olhar no espelho para acreditar. Não adianta
entender o passado. Só importa que eu sobrevivi. Só importa a fênix.