terça-feira, 14 de novembro de 2017

Memórias


“Memórias, não são só memórias, são fantasmas que me sopram aos ouvidos, coisas que eu nem quero saber”. O refrão da música Memórias da Pitty reflete bem os assombros de um deprimido. Lembranças de coisas que não deram certo, traumas do passado, até lembranças felizes que nos remetem a uma tristeza da infelicidade do caos que se fez. Não quero mais lembrar. Prefiro esquecer.




Esquecer das roupas cuidadosamente escolhidas e do quarto arrumado do bebê tão esperado, mas que simplesmente se foi num abrupto ato de crueldade da vida. Esquecer anos de momentos felizes de um casamento despedaçado. Esquecer o sonho de quem chegou tão perto, tão perto, mas, quando estava prestes a alcançar, foi dispensado por uma impossibilidade. A vida. Tão bela e tão triste.

“Eu dou sempre o melhor de mim, e sei que só assim é que talvez se mova alguma coisa ao meu redor” (Memórias, Pitty). O esforço de quem já chegou ao fundo do poço é se mover, se debater até se desprender das memórias que o prendem à dor. A dor não se alivia. A dor se supera.

A dor se supera com a construção de novas memórias felizes, com novos objetivos de vida, com pequenas e grandes conquistas. A dor se supera com o novo. A novidade é o que possibilita a construção de uma nova história em que o medo da dor é superado pela vontade de viver. De continuar.

Não, você não vai esquecer. As memórias constituem quem você é. Sem elas, somos almas vazias. Mas só perdoando o passado é que podemos começar a superar a dor e encontrar um novo objetivo de vida. Onde está? É preciso olhar para dentro de si... Acredite, tenha fé, você vai achar.

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