segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Amor x Depressão



Depressão é, dentre muitas coisas, não ter vontade de viver. Se você tem algo porque lutar, se agarra com todas as forças. Eu tenho uma pessoa que depende de mim e que sei que sentiria muito a minha falta caso eu me fosse. Alguém que eu amo tanto que não quero que sinta a dor do luto. E é por essa pessoa que eu faço todas as recomendações para sair desse buraco sem fim: orar, meditar, trabalhar, passear, viajar, ter hobbies, gastar uma fortuna em terapia, médico e medicamentos. Tudo para levar uma vida quase normal.

É... “por você eu largo tudo: carreira, dinheiro, canudo”. Amor incondicional. Às vezes, me sinto cansada de lutar. Mas continuo por causa daquele sorriso, daquele abraço, “do amigas para sempre”. Minha imunidade cai, e de seis passo para 10 comprimidos ao dia tratando várias doenças secundárias, chamadas de psicossomáticas. Os psicólogos dizem que é outra forma que o nosso corpo encontra de chorar que não pelos olhos. Estranho isso. Parece que o corpo fala.

Voltei às aulas de dança. Mas como minhas pernas pesam para eu chegar até a academia! Quando consigo chegar, o peso se vai e danço leve como se estivesse a voar. É uma das minhas poucas paixões nessa vida.

Também encontrei um novo amor, amor de homem e mulher. Mas, como todo amor, é complicado... E também cansa. O amor cuida, mas cobra. Você sempre tem uma conta a pagar. Nada é gratuito nesta vida. Tudo tem preço de sangue e suor. E você nunca sabe que surpresa terá pela frente, se boa ou ruim. E quem está deprimido, claro, tem pavor de decepção. 

É preciso fazer novos planos. Mas quando estou quase lá, no topo da escada, parece que ela é rolante e vai descendo até que retorno à base. Que sufoco!

No consultório de psiquiatria, parece que somos ratos de laboratório, sendo testados por uma ciência tão nova quanto imprecisa. O remédio não necessariamente te cura, mas ajuda, e muito. Só que, no início do tratamento, também parece que te mata aos poucos, tirando a sua liberdade de viver plenamente. 

É claro que uma pessoa diabética tem que tomar insulina para o resto da vida. Mas o remédio psiquiátrico parece bem mais limitante. Porque trata da sua alma, da sua mente. É como se você não fosse mais dono de si e precisasse de uma droga para te carregar. Eu já odiei isso. Hoje aceito e entendo que posso me me superar a cada dia, mesmo que nem todos os dias sejam bons. Cada passo dado é uma conquista.

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