quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Me espera

Quando me enviaram um link para ouvir a música “Me Espera”, de Sandy Leah, Lucas Lima e Tiago Iorc, chorei tanto que fiquei com raiva (risos). Eu respondi pelo Whats App a quem me enviou: “se essa música é para mim, estou bem aqui, não fui a lugar algum”, numa tentativa de me defender da solidão e da dificuldade das pessoas, mesmo das que me amam, em lidar com a minha depressão.



A verdade é que quem me enviou a música sabia perfeitamente o que ela ia representar para mim. Foi a primeira vez que ouvi. E ouvi repetidas vezes enquanto as lágrimas rolavam sem parar. Claro que acabou virando um dia bem “down”, mas valeu a pena.

“Tenta me reconhecer no temporal, me espera”. A solidão da depressão é terrível. Não consigo lidar com as pessoas e as pessoas não conseguem lidar comigo e esse ciclo só piora tudo. A vida social afundou e de repente me vi sem família e sem amigos. Todos se foram...

Mas “ainda estou aqui, perdido em mil versões, irreais de mim. Estou aqui por trás de todo o caos em que a vida se fez”. Como é difícil sair desse redemoinho. Da angústia que assola e que engole a minha alma. Que faz tudo perder a graça e a cor. Que faz tudo ficar sem sentido e nem mesmo a beleza me comove mais. Apenas quero ficar livre dessa falta de ar que me sufoca, do coração acelerado, do olhar perdido, das conversas que não parecem fazer mais sentido.

Como eu quero me encontrar, mas não consigo. As drogas legalizadas me anestesiam um pouco e eu aproveito: só quero fechar os olhos e dormir. Como estou cansada. Me esforço e vou trabalhar. Vou ao supermercado, à igreja, ao médico, cuido de filho, com todo amor para que não perceba nada. No meio da angústia, sempre um sorriso no rosto, a voz firme, os deveres e afazeres cumpridos. 

Mas todo o resto está em pedaços. A confiança nas pessoas ficou abalada e já não me reconheço nesse temporal, nem as pessoas me reconhecem mais. Também, de toda forma, eu mudei e nunca mais serei a mesma. A pessoa que eu era antes me fazia mal e me deixou adoecer. Não digo mais sim para tudo. Não vou aonde não quero. Me coloco em primeiro lugar, sempre que posso. Não acredito mais que as pessoas mudem, quer dizer, genericamente a mudança é um processo bem doloroso, intenso e que pode nunca acontecer.

Esperar pela mudança nos outros é um erro. Mais fácil é esperar pela mudança em mim. Porque eu, sim, sou capaz de fazê-la acontecer. Eu, sim, sou capaz de aceitar ou não as pessoas como elas são. Eu, sim, sou capaz de viver e, quem sabe até... amar de novo. Me espera.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por deixar seu comentário!