Conta a história que havia um linda e delicada borboleta-azul que era muito comum na década de 70, no sul da Inglaterra. Ela era
admirada e, portanto, desejada. E, quando o homem deseja, ele encarcera. Chamam
de colecionadores. Ou, dominadores. Ciumentos. Pessoas que amam demais.
Não bastasse isso, a borboleta-azul tinha mais um problema:
para se reproduzir, ela dependia de uma babá para criar seus filhotes, uma
formiga especial, uma formiga vermelha. A larva da borboleta-azul é
incrivelmente criada por essa formiga. Coisas lindas e inexplicáveis da chamada
Natureza.
O ser humano também é um ser social, que não foi feito para
viver sozinho. Mas é o que tem acontecido na atual selva de concreto, nas
grandes cidades, em que cada um corre para viver a sua vida, o máximo que
puder, de preferência recorrendo a todos os tipos de artifícios para manter-se
sempre jovem, num processo ilusório, como se pudesse ficar mais longe da morte.
Mas voltemos à borboleta. Para viver, portanto, a borboleta-azul dependia dessa especial formiga vermelha, que começou a ter problemas
quando houve uma infestação de coelhos selvagens na região. Então, o homem teve
uma brilhante ideia para evitar que a população saísse massacrando os coelhos: “vamos
infectar os coelhos com um vírus que vai deixar os coelhos fraquinhos para os
seus predadores e eles também vão ter mais dificuldade para se reproduzir”. Já
viu alguém assim, cheio de boas intenções? Tentando te ajudar, mas na verdade
só te deixando mais fraco?
Pois bem, os coelhos morreram e, com isso, a grama passou a
crescer muito e a terra ficou mais fria e as formigas tinham dificuldades para
comer aquela grama alta. Ninguém dava nada pelas formigas vermelhas, mas eram
elas que permitiam o lindo cenário das borboletas azuis voando baixo pelo céu.
Quantas vezes o ser humano julga apenas a aparência e não consegue entender que
a borboleta-azul só existe por causa de uma formiga vermelha. Ou que aquela
grande empresa depende de pessoas simples, invisíveis, números em meio a uma
multidão. Que são pessoas sujas nas ruas, que catam o nosso lixo, para
reciclagem ou não, que permitem que vivamos em lugares sem pragas, ratos e
baratas. Milhões de seres invisíveis em meio a uma sociedade onde todos (ou quase
todos) buscam os seus cinco minutos de fama.
Mas onde estavam as borboletas mesmo? Ah, sim, a história.
Pois bem, sem as formigas vermelhas especiais, as lindas e admiradas borboletas-azuis ficaram sem suas babás. E chegaram a ser declaradas extintas. Como o ser
humano tem a terrível capacidade de matar aquilo que tanto ama, como uma
criança que não sabe ainda amar um pequeno pintinho e o aperta demais. E o
sufoca. Esses somos nós. Ou pelo menos aqueles que lutamos para não sermos.
Pessoas que matam por amar demais, por não saber como lidar com situações, por
não buscar o conhecimento, por negar a liberdade ao objeto amado.
Assim como no caso das borboletas-azuis, o equilíbrio é a
chave para a felicidade e o combate à depressão. Pensemos nisso!

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