quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Timoneiro

Minha visão está embaçada. Meus olhos mareados. O mar vem e vai com as suas ondas e a maré sobe e desce conforme a sua jornada. Não conheço ainda a minha. Não sei para onde vou. Só sei que sigo em frente, na direção em que não conheço o fim, numa estrada por vezes cheia de luz, por vezes, sombria.



Estou cansada de levar o barco. Queria alguém para pegar na minha mão, segurar e me levar um pouco navegando nesse mar. Um timoneiro experiente. Mas não há. Sigo nesse mar infinito, onde não vejo o horizonte, mas a esperança me dá a certeza da chegada e de um caminho cheio de surpresas, suspense, tristezas e alegrias. Imagino uma praia deserta, de natureza farta, uma comunidade amistosa, amigos.

Sinto um peso nas costas. Mas aí me lembro que se soltar o leme, o barco vai desgovernar, as ondas vão cobri-lo e ele vai afundar. Então permaneço.

Meus olhos estão mareados. Quase não enxergo. Forço a vista na tentativa de encontrar o mapa e a bússola. Mas não sei se estou no caminho certo.

O barco está navegando. As ondas vêm e vão. Silêncio. Imensidão. Solidão.

O barco está seguindo com as suas velas a soprar. O vento está em meu favor. Agora o ruído de ventania corta o silêncio da solidão e não sinto medo do zunir do vento. Ele está em meu favor.

Sim, estou cansada. Ao longe vejo uma ilha, um refúgio. Vou até lá descansar antes de continuar. Não vou demorar.

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